Emocionado com o regresso a casa e o apoio do público, João Sousa admite: “É para isto que ainda jogo”

Porto Open

PORTO — O Court Central do Complexo Desportivo do Monte Aventino encheu para o regresso de João Sousa à competição mais de dois meses após o último encontro e o melhor tenista português de sempre respondeu ao apoio com uma vitória em três sets e quase três horas que o apurou para a segunda ronda do Porto Open. Foi a primeira vez em 10 anos que competiu a título pessoal — e não ao serviço da seleção — no Norte do país, ou seja, verdadeiramente em casa. E por isso ficou tão emocionado.

“Tenho de realçar o apoio do público. Vieram em força, apoiaram-me, não foram embora depois de um primeiro set menos conseguido e isso fez a diferença. Para ser franco não estava nada à espera de sentir esse carinho”, destacou como resposta à primeira pergunta da conferência de imprensa, fazendo eco às palavras que já tinha partilhado com as várias centenas de espetadores durante uma entrevista no court na qual a emoção lhe tomou conta da voz.

“Ontem fiz um apelo nas redes sociais porque era importante que as pessoas viessem e me apoiassem depois de estar lesionado e estou contente por ver o estádio quase cheio, com as pessoas a gritarem o meu nome. O ambiente em que joguei foi incrível e é para isto que ainda jogo ténis”, reforçou ainda no início do rescaldo ao encontro que venceu por 6-7(5), 6-4 e 6-4 contra o italiano Mattia Bellucci (176.º e quinto cabeça de série) em 2h44.

Do regresso após dois meses de ausência para recuperar de uma lesão nas costas, o melhor tenista português de sempre (chegou a ser 28.º classificado no ranking ATP, esta segunda-feira desceu ao 352.º posto) destacou, sobretudo, a superação “a nível mental”.

“Quando não competimos há algum tempo temos sempre a dúvida de estarmos ou não estarmos bem. Os encontros na Alemanha ajudaram-me a ter mais ritmo e o objetivo era perceber como é que estava porque estou numa fase em que preciso de me testar. Hoje foram quase três horas, não foi fácil nem a nível físico, nem mental, […] mas acredito que fazendo uma boa recuperação estarei pronto na quarta-feira para jogar”, finalizou.

Admitindo que a expetativa em relação a esta segunda-feira era menor comparativamente à da participação anterior num Challenger em Portugal, a derrota de abril no Oeiras Open 125, João Sousa fez um balanço positivo do encontro: “Entrei muito bem. Era importante ser agressivo por estar a jogar em piso rápido e joguei a um nível altíssimo. Para ser honesto não estava à espera.

As dúvidas desses tempos mantêm-se, sobretudo porque “só faz sentido continuar se conseguir voltar a jogar a um bom nível” e depois do Porto Open terá de “ponderar sobre muita coisa”. Mas a decidir-se definitivamente pelo regresso, será com o objetivo de recuperar um estatuto que entende ser cada vez mais difícil de ter: “Acho que hoje em dia é mais difícil chegar ao top 100 [do que há 10 anos, respondendo a uma pergunta sobre o período em que entrou na primeira divisão do circuito mundial]. Não estou obcecado, já lá estive muitos anos e sou consciente do que é preciso fazer. Mas obviamente que é onde quero estar.”

Só o tempo o dirá. Para já, o foco está na segunda ronda do Porto Open: será na quarta-feira, durante a tarde para que já com televisão possa chegar às casas dos portugueses que não conseguem apoiá-lo ao vivo, e frente ao vencedor do encontro entre o russo Alibek Kachmazov (327.º) e o qualifier francês Kenny de Schepper (420.º e ex-top 70).

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