Jamor dá a Matilde Jorge a luz que não via ao fundo do túnel

Beatriz Ruivo/Federação Portuguesa de Ténis

OEIRAS — Os resultados tardavam em aparecer e Matilde Jorge sentia dificuldades em ver a luz ao fundo do túnel… até que chegou o Oeiras Ladies Open. A jogar o torneio mais importante da carreira, a jovem portuguesa superou as próprias expetativas e no espaço de 72 horas passou de ouvir os incentivos de quem a rodeava a ir no court ao encontro do que ouvia. Agora que fez o que nunca tinha feito, volta a acreditar que o melhor está para vir.

Tudo começou na segunda-feira, quando à estreia em torneios do circuito WTA juntou a saborosa e inesquecível primeira vitória a este nível, mas o grande feito foi assinado esta quarta-feira.

De volta ao Court Central do Jamor que já chama de casa, na terra batida que há tantos anos passou a acompanhá-la sempre que regressa ao berço (Guimarães, claro), Matilde Jorge brilhou. Quem não soubesse diria que era ela a top 100, tal foi a forma categórica como afastou a número 88 mundial, Harriet Dart, por 6-3 e 6-1.

“Estou bastante feliz, dá para ver também pelo sorriso na minha cara”, disse enquanto ainda sorria de forma inocente no início da conferência de imprensa que se seguiu à maior vitória do ténis feminino português nos últimos sete anos.

Recém-saída do campo onde acabara de fazer história pessoal e até nacional, a jovem de 20 anos ainda estava a processar o que acabara de fazer. Em parte porque a estratégia para este dia voltou a ser “não pensar no torneio em si, ou nos pontos [em jogo], ou no ranking da adversária”, mas também porque foi com o consumar da vitória que o feedback que rapidamente lhe chegou contextualizou a vitória.

Parcos em resultados, os últimos meses levaram Matilde Jorge a focar-se “só nas coisas más”, apesar de estar rodeada de “pessoas que me apoiam em tudo mesmo quando estou em baixo e não consigo sequer ver alguma luz ao fundo do túnel.”

Talvez quando menos esperava, e como menos esperava, o Oeiras Ladies Open transformou-se num ponto de viragem. A tenista de Guimarães nem se sente a jogar o melhor ténis da carreira, mas as duas vitórias que já arrecadou e o apuramento para os quartos de final de um WTA 125 pela primeira vez “fazem-me acreditar que tudo pode mudar se continuarmos a trabalhar e à procura das coisas certas.”

Agora a luz não está ao fundo do túnel, mas à sua volta, e leva-a a encarar com muito entusiasmo o que se segue: “Sinto que ainda posso jogar melhor, claramente não estou no meu auge. Hoje tive uma boa vitória, mas só quero aproveitar isto para conseguir levar-me a mais encontros assim durante o torneio e para o resto do ano.”

Sexta-feira, contra a super-favorita Clara Tauson (14 sets ganhos em 14 disputados neste recinto desde o início da última semana), terá mais uma oportunidade de brilhar. Novamente sem pressão e novamente com história à vista.

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