Houve longas trocas de bola, houve toques de magia, houve gritos — muitos gritos! — e reviravoltas dentro de reviravoltas. No fundo, houve espetáculo ao mais alto nível entre dois jogadores que, cada um na sua dimensão, cada um ao seu nível, já brilharam em Portugal. Até que no final ganhou Stefanos Tsitsipas, campeão do Millennium Estoril Open em 2019, que resistiu a Zdenek Kolar, vencedor do primeiro Oeiras Open de 2021.
Por Gaspar Ribeiro Lança, em Paris
Apenas dois dias depois de ter sido forçado por Lorenzo Musetti a disputar cinco sets na primeira ronda, o quarto cabeça de série voltou a estar em apuros, mas conseguiu salvar quatro set points consecutivos no tie-break final para celebrar a vitória por 6-3, 7-6(8), 6-7(3) e 7-6(7). Foram 4h06 de uma batalha que ganhou contornos eletrizantes e levou o público do Court Suzanne-Lenglen à loucura, como se de um duelo da Taça Davis se tratasse e houvesse um francês a discutir o resultado.
Com um ambiente quase de cortar à faca, Tsitsipas — o grande favorito a chegar à final (que jogou em 2021) na metade inferior do quadro — viu-se confrontado com intensos gritos a favor do adversário a partir do momento em que o jovem checo venceu a terceira partida (a segunda ficou a um ponto de distância, salvo com um grande primeiro serviço do grego).
A disputar pela primeira vez na carreira o quadro principal de um torneio do Grand Slam (à 14.ª tentativa ultrapassou um qualifying) e sob o olhar atento do pai, que não escondeu a emoção ao ver o filho lutar de igual para igual com um dos melhores do mundo e ser aplaudido de pé, Kolar aguentou-se.
A menor experiência do tenista de Pernstejnem pouco se notou e foi mesmo por uma unha negra que não se jogou o quinto set (liderou por 6-2 no tie-break da quarta partida, mas o nível que Tsitsipas apresentou a partir daí não lhe deu hipóteses) que o público francês tanto queria, sendo essa a única razão pela qual tanto gritou por ele — no final, quando Tsitsipas selou a vitória e em raiva atirou a raqueta para o chão, os aplausos ao grego comprovaram-no.
Finalista em 2021, Stefanos Tsitsipas já passou por dois testes, talvez mais do que estava à espera nas habitualmente mais tranquilas primeiras rondas de um torneio do Grand Slam. E agora segue-se Mikael Ymer (95.º), sueco extra-motivado pela vitória (6-3, 3-6, 6-2 e 6-3) contra Daniel Evans que lhe valeu o apuramento para a terceira ronda de um Grand Slam pela terceira vez, segunda consecutiva em Roland-Garros.
